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A luz que rompeu as trevas

Para os gregos, as velas simbolizavam o luar. O clero aconselhou-as para afugentar as bruxas. E os agricultores utilizavam-nas para proteger os rebanhos. Hoje, são símbolo de romantismo e de fé. 



Texto de Filomena Abreu
Iluminaram palácios e casebres, capelas e catedrais. Hoje, já não são uma necessidade, mas não deixaram de ter serventia. São um adorno clássico. Dão cheiro às casas, ajudam a compor cenários românticos e continuam a ser símbolos imprescindíveis de várias religiões. As velas são um produto de muitas mentes, de diferentes pontos do planeta e de diversas épocas.
No Egito, eram usados juncos embebidos em gordura animal para iluminar caminhos e casas. No império chinês, inicialmente eram feitas com gordura de baleia e o papel de arroz enrolado servia de pavio. Na Índia, era usada cera da canela e no Tibete manteiga de iaque (herbívoro de pelo longo, que vive na região dos Himalaias). Durante o século I d.C, os antigos povos indígenas do Alasca utilizavam a gordura de um peixe chamado eulachon. Colocavam-no já seco numa espécie de estaca bifurcada e acendiam-na.
Também foram encontradas evidências noutras civilizações, onde era extraída cera de insetos e de plantas.
Ao longo dos séculos, as velas sofreram alterações, acabando protagonistas de cerimónias religiosas, como o Hanukkah, festival judaico de luzes. Na Grécia, chegaram a simbolizar o luar e passaram a estar presentes na adoração a Artemisa, a deusa da caça. A Bíblia também relata em várias passagens o uso de velas. E, no século 4 d.C., o imperador romano Constantino utilizou-as para celebrar a Páscoa. O acender de uma vela passou mais tarde a integrar o ritual do batismo, como expressão de uma nova vida e de fé.
Na Idade Média, as velas iluminavam igrejas, mosteiros, catedrais e salões. O clero aconselhava o uso de velas brancas como forma de afugentar as bruxas e os agricultores acendiam-nas, depois de benzidas, para proteger os rebanhos.
Com o tempo, tornaram-se um negócio rentável. Em 1292, só em Paris, foram contabilizados 71 fabricantes. O material mais comum nessa época era o sebo dos animais. Tinha a desvantagem de criar muito fumo e de ter um cheiro bastante desagradável. De tal maneira que, a dada altura, a produção com recurso a essas matérias foi banida por regulamentação em várias cidades europeias.
A opção era a cera das abelhas, só que a quantidade que existia não era suficiente para responder à procura. Uma questão que os químicos franceses Michel Eugène Chevreul e Louis Joseph Gay-Lussac resolveram, em 1825, ao introduzirem a estearina na equação. Como o sebo, tinha origem animal, mas não continha glicerina e o odor era bem mais agradável.
Anos depois, em 1879, a produção de velas começou a cair, quando Thomas Edison criou a lâmpada. O fim anunciado revelou-se um prognóstico falhado, já que a popularidade das velas começou novamente a crescer graças ao interesse do seu uso na decoração de ambientes. Como mero adorno ou em situações especiais.
A utilidade e significado não perderam expressão também nas festividades, como os aniversários, em que as velas expressam o sopro da vida. E nas cerimónias religiosas. Qual chama que nunca se apaga. No dia 12 de maio, são acesas milhares nos grandes santuários marianos.

Fonte: https://www.noticiasmagazine.pt/2019/objeto-a-luz-que-rompeu-as-trevas/

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